quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O mito de Édipo


Filho de Laio e de Jocasta, herdeiro da maldição que assolava os Labdácias, foi abandonado ao nascer no Monte Citerão, já que Apolo havia predito a seu pai que se ele gerasse um filho, este o mataria. O criado, encarregado de executar essa missão perfurou-lhe os pés com um gancho de forma a poder suspender o menino numa árvore. Isso explica o fato pelo qual, ao ser encontrado por alguns pastores, foi chamado Édipo, que em grego significa “pés inchados”. Foi levado ao rei de Corinto, Pólibo, que, por não ter filhos, embora fosse casado com a rainha Peribéia,o adotou. Em certa ocasião, o jovem participava de um banquete, quando um coríntio referiu-se indiscretamente ao jovem como filho postiço. Intrigado, Édipo resolveu consultar o oráculo de Delfos para saber sua real origem. Além de não obter uma resposta precisa, o jovem se defrontou com uma revelação aterrorizante.......

A resposta que Édipo recebeu é que, não somente mataria seu pai, mas desposaria sua própria mãe, gerando uma raça maldita. No intuito de evitar uma tragédia, desesperado resolveu fugir de Corinto, deixando para trás Pólibo e Peribéia, quem de fato acreditava serem seus pais verdadeiros. À caminho da Fócida, onde os caminhos de Cáulis e Tebas se bifurcam, o pobre rapaz se deparou com Laio e sua escolta, composta por quatro pessoas além do rei: o arauto, um cocheiro e mais dois escravos. Este, cheio de impáfia, ordenou-lhe que desse passagem ao rei de Tebas. Como Édipo se recusasse sequer a alterar o passo, teve um de seus cavalos executados pelo rei. Ignorando a verdadeira identidade do rei, Édipo com o auxílio de sua arma, a bengala que o amparava no caminhar, e com grande violência, matou a golpes Laio.

Chegando à Tebas, deparou com a Esfinge, monstro que vinha assolando a cidade há tempos. Descendente de uma família de monstros, sua mãe, Equidna, corpo de mulher e cauda de serpente que devorava todos os viajantes que dela se aproximassem. Ortro uniu-se a própria mãe, e dessa forma, tornou-se ao mesmo tempo pai e irmão da Esfinge. Esta havia sido enviada por Hera à cidade de Tebas para punir o rei Laio, responsável pelo suicídio de Crísipo, filho de Pélops. Misto de vários animais, a Esfinge tinha a cabeça e o busto de mulher, as patas de leão, o corpo de cão, cauda de dragão e asas como as das Hárpias.

Instalada à entrada da cidade, mais precisamente no Monte Ficeu, propunha aos forasteiros que ali chegavam um enigma de grande complexidade e de difícil resolução. Os que não fossem capazes de decifrá-lo eram sumariamente eliminados, pois a criatura além de matar, devorava sua vítima. O monstro já havia feito muitas vítimas e os habitantes estavam alarmados quando Édipo, buscando exílio, chegou à Tebas. Ao enfrentá-la, foi recebido com a seguinte pergunta: “Qual é o animal que pela manhã tem quatro pés, ao meio dia dois e à tarde três?” Édipo sem dificuldade respondeu que este animal era o homem, que na infância engatinha, depois passa a caminhar com os dois pés e na velhice, com o peso dos anos, necessita de uma bengala, ou seja, de uma terceira perna para se sustentar. Como já estava previsto pelo destino que no dia que alguém lograsse decifrar seu enigma a Esfinge morreria, esta, precipitou-se do alto de um precipício e morreu espatifada contra os rochedos.

Aclamado pela população agradecida, tornou-se rei, e, por conseguinte, recebeu também a mão da rainha Jocasta em casamento. Em outras palavras, Édipo cumpriu a segunda e última parte da profecia, pois ao casar-se com a rainha, desposava na verdade, sua própria mãe. Quatro filhos foram gerados desta união: Etéocles, Polinice, Antígona e Ismena. O rei de Tebas reinou durante anos tranqüilamente até o dia em que a população local começou a ser assolada por uma peste. O oráculo, novamente consultado, declarou que para cessar a epidemia, se fazia necessário encontrar o assassino de Laio e baní-lo definitivamente de Tebas.

Tirésias, o grande vidente cego, trazido até a corte revelou a verdade sobre o crime e esclareceu a identidade e a história de Édipo. Jocasta, humilhada e sem poder suportar a vergonha, suicidou-se. Édipo, ao lado do corpo de sua mãe, vazou seus olhos. Expulso da cidade por Etéocles e Polinice, partiu para o exílio acompanhado por Antígona que o guiou até a Ática, onde foi acolhido por Teseu .

Tempos depois, seus filhos e Creonte, irmão de Jocasta, tentaram convencê-lo de regressar à Tebas, pois um oráculo havia predito que onde estivesse localizada sua tumba, os deuses dedicariam especial proteção. Inútil, porque Édipo,recusou-se terminantemente a realizar-lhes o desejo e viveu seus últimos dias em Colona, localidade situada próximo à Atenas. Foi por esse motivo que a cidade sempre logrou sair vitoriosa nas disputas contra Tebas.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Plantão Psicológico - UNIP ( Bauru)


Local: Clínica de atendimento Psicológico UNIP.

Av. Nossa senhora de Fátima, 9-50. Bauru

Tel. (14) 3223 7710


Horário de atendimento: Atendimento por ordem de chegada

Ás Terças feiras: das 17h00 as 21h00 Horas.

Ás quartas feiras: das 18:00 as 21:00 Horas.


O que é o plantão Psicológico (Acolhimento).

O plantão psicológico é destinado às pessoas que buscam um atendimento de apoio emergencial, em situações de crise que tire o equilíbrio momentâneo e necessitam de uma ação interventiva imediata. Para tanto se disponibiliza um local adequado com horário fixo para que a população possa ter acesso ao serviço. O plantão psicológico é um atendimento que pode acontecer em um único encontro ou com mais algumas sessões de retorno, no máximo três.


Método: abordagem fenomenológica existencial.

A Psicologia Humanista fundamenta-se nos pressupostos da Fenomenologia e Filosofia Existencial; que é focada na intersubjetividade das relações e enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão determinista. Visa à compreensão e o bem-estar da pessoa não o controle. Segundo esta concepção, a psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência da pessoa na sua inter-relação com o mundo e consigo mesma. É um método filosófico que se propõe apreender aquilo que acontece no momento imediato, sem intermédio de teorias ou explicações que afastem o Homem de sua vivência. O interesse fenomenológico não está na busca de uma lei geral e absoluta que explique o mundo e o Homem, mas sim na maneira como o mundo se dá para cada ser humano que o percebe a partir da trama significativa de acontecimentos que compõe sua história de vida.


Encaminhamento:

Para que o encaminhamento aconteça satisfatoriamente é preciso que muitas questões sejam detalhadamente observadas. O sentido de o termo encaminhar nos plantões é o de colocar o cliente em atendimentos ou atividades adequadas, que possam promover desenvolvimento, solucionar ou amenizar suas dores ou dificuldades imediatas. O plantonista, baseado em seu conhecimento teórico e prático, sabe que tipo de tratamento o cliente necessita, sugerindo a atividade adequada, que poderá ser psicoterapia, orientação vocacional e profissional, cursos, ou mesmo a utilização de serviços de outros profissionais ou públicos.


Plantão Psicológico

Porque a vida acontece agora.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cisne Negro: Uma aula cinematográfica de Psicologia Junguiana


A sombra... elemento fantasmático, região do espaço cuja penumbra é provocada quando a luz é impedida de fluir por um objeto... a sombra possui os contornos do mesmo objeto, sendo sua projeção negativa, inevitavelmente ligada a ele...



Na psicologia junguiana, a sombra é a representação arquetípica de tudo o que temos, potenciais bons e maus, que não reconhecemos como sendo nosso, mas que nos segue onde quer que vamos e que geralmente projetamos em outras pessoas... Carl Gustav Jung (1875-1961) criou alguns dos conceitos de psicologia mais populares (apesar da resistência dos freudianos).


Conceitos como“complexos” , indivíduos “introvertidos” e“extrovertidos” e“inconsciente coletivo” são de sua lavra. Ele também propôs que o comportamento humano possui linhas de reconhecimento universal e que são transcritas, metaforicamente, nos mitos e contos detodo o mundo, independente de tempo e cultura. A tendência do desenvolvimento de capacidades, dificuldades ou a possibilidade de uma clivagem polar que todos temos (bem e mal, sapiência e demência, etc.) são expressas figuradamente em histórias folclóricas,mitos, sagas religiosas e contos de fada.


Na história de“O Lago dos Cisnes” , que foi musicada e, assim, imortalizada pelo compositor russo Tchaikovsky (1840-1893), vemos essa polaridade na presençade Odette, a ingênua e romântica princesa que é transformada em um cisne branco, e Odile, sua irmã gêmea, a maliciosa, sedutora e malvada rainha dos cisnes, e que é o cisne negro. Uma e outra personagem são metáforas das polaridades internas extremas e dos potenciais que todos possuímos, mas que, aqui, se inserem mais na questão do desenvolvimento da psique feminina.


A menina sonhadora que desperta para o desejo, à competitividade, ao processo de enfrentar desafios. Quanto mais conscientemente uma dessas polaridades é hipertrofiada, o mesmo ocorre com a outra, mas de modo inconsciente, o que pode causar um conflito psicológico que, em casos extremos, leva ao surto psicótico.

Esta ocorrência, que Jung tão bem estudou, foi transposta para as telas em um dos mais notáveis (e raros, dentro do padrão comercial hollywoodiano) filmes dos últimos tempos:Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky, com a esplêndida Natalie Portman no papel da, inicialmente, frágil bailarina Nina.


No filme, Nina é uma bailarina dominada pela mãe frustrada e que faz de tudo parase destacar no corpo de baile. Assim, quando surge a chance de interpretar as gêmeas opostas de“O Lago dos Cisnes” , Nina se entrega totalmente ao projeto. Super controlada pela mãe, insegura, emocionalmente reprimida e sem amigos, Nina dedica-se exclusivamente ao balé, buscando uma perfeição exagerada que se reflete no controle exacerbado da alimentação e do controle do corpo que ela trata como instrumento a única forma de contato mais íntimo (e já sintoma neurótico da alienação que se estabeleceu entre o desejo consciente de perfeição e repressão dos sentimentos, que tentam gritar a partir do inconsciente) é a auto-mutilação que ela exerce inconscientemente sobre si mesma, por arranhões.


Pressionada por seu coreógrafo e diretor Thomas (Vincent Cassel), Nina será questionada, mais uma vez, a demonstrar suas capacidades, já que sua fragilidade ingênua - que é perfeita para o papel de Odette - comprometeria a interpretação deprotagonista de

“O Lago dos Cisnes” , pois Nina também deve desempenhar o papel daRainha dos Cisnes, Odile.


Nina, então, é desafiada pela própria vida, pelo seu próprio mundo, a entrar em um acordo com sua psique polarizada entre a"persona" consciente, o papel de menininha da mamãe, e a sua sombra: a mulher sedutora, violenta, que ela reprime no inconsciente. Nina é a atualização contemporânea da figura mítica de Perséfone: sua mãe é uma Démeter que tenta controlá-la e ver nela a bailaria que não foi e isso impede o desenvolvimento de Nina.


Logo ela terá de enfrentar as forças psíquicas represadas em si, seu próprio Hades: Nina precisa integrar, reconhecer-se em sua própria profundidade, sentir seus elementos aparentemente "negativos" se quiser atingir aperfeição (metáfora da individuação). Ela tem de desempenhar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia,sensualidade e maldade). Ou seja, Nina teria de unir, na prática, sua própria psique fraturada entre a “menina” meiga e passiva, cujo quarto é cheio de ursinhos de pelúcia, e a mulher que é/foi reprimida pela mãe e por ela mesma, Nina.O desafio da individuação,contudo, não é isento de perigos.


O Cisne Negro é, portanto, o desafio do encontro de Nina com sua própria sombra,ou, seja, segundo Jung, com todos os elementos que possuímos mas que são reprimidos,que não reconhecemos como sendo nossos. A questão da projeção interna no meio externo fica sugerida várias vezes pela presença de espelhos sempre presentes ante Nina.Sua maior rival no corpo de baile, a sensual e desinibida Lily, papel desempenhado pela brilhante atriz Mila Kunis, é ao mesmo tempo seu alter-ego, a pessoa que estimula a eclosão do "Cisne Negro" em Nina.


Na verdade, as duas belas bailarinas acabam sendo expressões de Odile o Odette ao nível da disputa real, embora, na mente conturbada de Nina, Lily acabe por apresentar traços mais fortes do que realmente possui.Está claro que Aronofsky em seu filme discorre sobre a fragilidade e o tênue equilíbrio da mente humana, bem como as forças que se desencadeiam no palco psíquico quando uma perturbadora ambição a move em busca de um sonho, mas o faz de uma maneira ao mesmo tempo cruel e poética, o que mexe com a psique da maioria das pessoas que assistem o filme,atingidas,inconscientemente,pelos elementos expostos e que repercutem na própria sombra, na própria polaridade consciente/inconsciente, na dualidade do bem/mal de cada um.


Na busca pela perfeição e na tentativa de provar a Thomas que é capaz de desempenhar o papel (e, inconscientemente, de integrar e expor seu lado mais selvagem),Nina é conduzida de tal forma pelo enredo e pela busca da perfeição que não consegue perceber que isso está liberando todo o seu mundo de elementos reprimidos, que explode de tal modo que ela já não consegue perceber mais os limites entre sonho e realidade.

Aos poucos, seu destino se sobrepõe ao enredo de “O Lago Dos Cisnes”


A música de Tchaikovsky, dramática e bela, é quase como uma expressiva contrapartida de sua metamorfose, elemento sonoro envolvente que "narra" e expressa a tempestade íntima de Nina, e que é indispensável à trama.A sombra de Nina, exemplificado pela essência de sua feminilidade, aflora e toma conta de sua personalidade sem que ela consiga controlá-lo.

Dá-se inicio a uma metamorfose que expressa aquilo que acontece com muitas pessoas que sucumbem

à emergência do material inconsciente pela psicose. No caso de Nina, vemos que talemergência conduzirá a protagonista a conflitos que a levam a um destino perturbador e extraordinariamente poético, apesar de trágico, numa interpretação arrebatadora de Natalie Portman.


O Filme “Cisne Negro” é uma aula de psicologia e cinema, de poesia dramática e filosofia, indispensável ao estímulo do pensar sobre a vida


Carlos Antonio Fragoso Guimarães

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sombrios Corredores

Caminho...

Os corredores são sombrios, frios...

sem vida, sem cor, sem calor...

os corredores são longos, estreitados com a dor...

são longos mas não o suficiente para acolher a todos os pacientes...

os gemidos são ensurdecedores, amedrontadores como o silvo da serpente...

são gemidos de desespero, de dor, de sofrimento. É o uivo dos umbrais...

Lá de fora ecoam sirenes de ambulâncias, de viaturas de policiais...

sirenes de desespero, sirenes de esperança, serenes apressadas, angustiadas.

Lá de fora brotam cores de harmonia, de luz de amor...

cores trazidas pelas da esperança nesse momento de dor.

A saúde também agoniza junto com o paciente, exaurida...

as necessidades do paciente não podem ser supridas...

faltam condições mínimas de atendimento, de ungüento...

faltam médicos, profissionais burocráticos, enfermeiros...

falta tudo; e na falta de todos padece o doente.

A doença no Brasil é vexatória...

a doença torna-se constrangedora, predatória...

a doença faz do paciente uma vitima; vitima da falta de condições do sistema da saúde

Observo...

vejo a saúde padecendo juntamente com um amontoado enorme de doentes...

assisto a saúde enraizando-se como um privilégio de poucos...

vejo a luz da esperança carregada apenas pelas cores da utopia...

a saúde não existe... existe apenas uma maneira paliativa de assistência para alguns

poucos doentes em seu desatino...

O lixo hospitalar mistura-se aos escombros da dignidade humana...

Saúde é dejeto que não pode ser reciclável.

Saúde é bem precioso apenas nas empresas hospitalares.

Quando proporcionam lucros. Grandes lucros...

A mercantilização da saúde exclui aqueles que já foram anteriormente excluídos.

Exclui aqueles que já perderam a dignidade por um nada no mundo.

Lamento...

observo o ritual lento e aterrorizante de todos os envolvidos na saúde...

um ritual macabro feito de desalento e que piora a cada momento...

E observo a tentativa tênue de transformação dessa realidade

por um punhado de idealizadores...

Espectadores dessa vergonha intitulada sistema de saúde...

vergonha nacional tida como prioritária em qualquer planejamento social...

A realidade, a triste realidade é o escarro da podridão social na dor do dente.

A vergonhosa situação dessa realidade é a constatação odienta de que não existe

nenhum sistema de saúde no Brasil..

(Valdemar Augusto Angerami)

Patch Adams - O amor é contagioso


Não te amo como se fosses rosa de sal,
topázio, ou flechas de cravos que atiram chamas.
Te amo como se amam certas coisas escuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Eu te amo sem saber como, nem quando e nem onde.
Te amo simplesmente,
sem complicações nem orgulho.
Assim te amo porque não conheço outra maneira.
Tão profundamente
que a tua mão no meu peito é a minha.
Tão profundamente
que quando fecho os olhos, contigo eu sonho.
É assim que te amo
e nada mais me importa.

(Patch Adams - O amor é contagioso)

"Quando era jovem tentei me matar várias vezes, mas aí percebi que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor"Patch Adams

"Quando você cuida de alguém que realmente está precisando, você vira um herói. Porque o arquétipo de herói é a pessoa que, se precisar, enfrenta a escuridão e segue com amor e coragem porque acredita que algo pode ser mudado para melhor"Patch Adams


Um toque de: Psicologia Humanista

"Dou uma pequena pista para quem quer escutar: não se trata de ouvir uma serie de frases que enumeram algo; o que importa e acompanhar a marcha de um mostrar".
Martin Heidegger

A Psicologia Humanista fundamenta-se nos pressupostos da Fenomenologia e Filosofia Existencial; é centrada na pessoa e não no comportamento, enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão determinista. Visa à compreensão e o bem-estar da pessoa não o controle. Segundo esta concepção, a psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência da pessoa.

Caracteriza-se também, por uma contínua crença nas responsabilidades do indivíduo e na sua capacidade de prever que passos o levarão a um confronto mais decisivo com sua realidade. Segundo esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de saber a totalidade da dinâmica de seu comportamento e das suas percepções da realidade e de descobrir comportamentos mais apropriados para si.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dicas de leitura para os caros visitantes - Grandes Mestres e suas teorias

Olá, quero indicar algumas linhas de leitura, para quem se interesse pela "Feno" (abordagem existencialista), Psicologia Analítica e a Própria Filosofia em si.

Hoje estarei passando apenas os Mestres e os termos, PARA QUE TODOS POSSAM FAZER UMA PROCURA BIBLIOGRÁFICA!

Porem estarei editando alguns textos e postando futuramente aqui no Blog.

É o que tenho pesquisado ultimamente para complementar meus estudos e minha linha de atuação. "Façam bom proveito, e boa leitura"

Valdemar Augusto Angerami - Saúde (mundo Hospitalar)

Immanuel Kant - idealismo transcendental

Friedrich Hegel - concepção dialética ( apesar de conter um senso racional cartesiano é bem interessante )
Edmund Husserl e Martin Heidegger - Fenomenologia Existencialista

C.G Jung - Linha analítica para prática clinica, ex: persona, sombra, animus e anima e inconsciente coletivo etc.

Merleau Ponty -

Percepção e Linguagem


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Jung: um resumo


CARL JUNG E A PSICOLOGIA ANALÍTICA

Carl Jung desenvolveu uma teoria de psicologia complexa e fascinante, que abrange uma série extraordinariamente extensa de comportamentos e pensamentos humanos. A análise de Jung sobre a natureza humana inclui investigações acerca de religiões orientais, alquimia, parapsicologia e mitologia. De início, sua teoria provocou maior impacto em filósofos, folcloristas e escritores do que em psicólogos ou psiquiatras. Um dos principais conceitos de Jung é o da "individuação", termo que usa para um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema. A psicologia junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles.

Conceitos Principais

As Atitudes: Introversão e Extroversão

Dentre todos os conceitos de Jung, introversão e extroversão são os mais usados. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado ou para seu interior ou para o exterior. A energia dos introvertidos segue de forma mais natural em direção a seu mundo externo. Ninguém é puramente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões e é a extroversão. As duas são mutuamente exclusivas; não se pode manter ambas as atitudes, a introversão e a extroversão, ao mesmo tempo. O ideal é ser flexível e capaz de adotar qualquer uma delas quando for apropriado, operar em termos de um equilíbrio entre as duas e não desenvolver uma maneira fixa de responder ao mundo.
Os interesses primários dos introvertidos concentram-se em seus próprios pensamentos e sentimentos, em seu mundo interior. Um perigo para tais pessoas é imergir de forma demasiada em seus mundos interiores, perdendo o contato com o ambiente externo.
Os extrovertidos envolvem-se com o mundo externo das pessoas e coisas; tendem a ser mais sociais e conscientes do que está acontecendo à sua voltas. Eles necessitam proteger-se para não serem dominados pelas exterioridades e alienarem-se de seus próprios processos internos.

As Funções: Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição

Jung identificou quatro funções psicológicas fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Cada função pode ser experienciada tanto de uma maneira introvertida quanto extrovertida.
O pensamento e o sentimento eram vistos por Jung como maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e objetivos. Sentir é tomar decisões de acordo com julgamentos de valores próprios.
Jung classifica a sensação e a intuição, juntas, como as formas de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões. A sensação refere-se a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos, o que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar.
A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Pessoas intuitivas dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que via de regra não conseguem separar suas interpretações dos dados sensoriais brutos. Os intuitivos processam informação muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada e informações relevantes à experiência imediata.
Para o indivíduo, uma combinação das quatro funções resulta em uma abordagem equilibrada do mundo: uma função que nos assegure de que algo está aqui (sensação); uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma terceira função que declare se isto nos é ou não apropriado, se queremos aceitá-lo ou não (sentimento); e uma quarta função que indique de onde isto veio e para onde vai (intuição). Entretanto, ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções. Cada pessoa tem uma função fortemente dominante, e uma função auxiliar parcialmente desenvolvida. As outras duas funções são em geral inconscientes e a eficácia de sua ação é bem menor. Quanto mais desenvolvidas e conscientes forem as funções dominante e auxiliar, mais profundamente inconscientes serão seus opostos. Jung chamou a função menos desenvolvida em cada indivíduo de "função inferior". Esta função é a menos consciente e a mais primitiva e indiferenciada.

Inconsciente Coletivo

Jung descreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência.
O inconsciente coletivo inclui materiais psíquicos que não provêm da experiência pessoal. Alguns psicólogos, como Skinner, assumem implicitamente que cada indivíduo nasce como um quadro em branco, uma tábula rasa; em conseqüência, todo desenvolvimento psicológico vem da experiência pessoal. Jung postula que a mente da criança já possui uma estrutura que molda e canaliza todo posterior desenvolvimento e interação com o ambiente.
O inconsciente coletivo é constituído, em uma proporção mínima, por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homem. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral.

Arquétipo

Dentro do inconsciente coletivo há "estruturas" psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Jung também chama os arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. De acordo com Jung, os arquétipos, como elementos estruturais formadores que se firmam no inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.
A história de Édipo é uma boa ilustração de um arquétipo. É um motivo tanto mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o relacionamento do filho com seus pais.
Cada uma da sprincipais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self.

Símbolos

De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada.
Jung está interessado nos símbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual. Além dos símbolos encontrados em, sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista.

O Ego

O ego é o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.

A Persona

Nossa persona é a forma como nos apresentamos ao mundo. É o caráter que assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de expressão pessoal. O termo "persona" é derivado da palavra latina equivalente a máscara. As palavras "pessoa" e "personalidade" também estão relacionadas a este termo.
A persona tem aspectos tanto positivos quanto negativos. Jung chamou também a persona de "arquétipo da conformidade". Entretanto, a persona não é totalmente negativa. Ela serve para proteger o ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem. A persona é também um instrumento precioso para a comunicação. Ela pode desempenhar, com freqüência, um papel importante em nosso desenvolvimento positivo. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso ego se altera gradualmente nessa direção.

A Sombra

A sombra é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do amterial que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Ela representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a sombra freqüentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa.
Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da sombra, que se torna, em certo sentido, um self negativo, a sombra do ego. A sombra é via de regra vivida em sonhos como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à perspectiva consciente. Se o material da sombra for trazido à consciência, ele perde muito de sua natureza amedrontadora e escura.
A sombra é mais perigosa quando não é reconhecida. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela sombra sem o perceber. Quanto mais o material da sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Uma pessoa sem sombra não é um indivíduo completo, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a mescla do bom e do mal e a ambivalência presentes em todos nós.
Cada porção reprimida da sombra representa uma parte de nós mesmos. Nós nos limitamos na mesma proporção que mantemos este material inconsciente. À medida que a sombra se faz mais consciente, recuperamos partes de nós mesmos previamente reprimidas. Além disso, a sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os arquétipos, a sombra origina-se no inconsciente coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo ego e pela persona.

Anima e Animus

É uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; Jung denomina tal estrutura de anima no homem e animus na mulher.

Self

O self é o arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas completam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self. O self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal. É um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao ego e à consciência. O self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o centro desta totalidade, assim como o ego é o centro da consciência.